PEDAGOGIA DA AUTONOMIA Paulo Freire
No tema “Educação”, o autor Paulo Freire não necessita de apresentação, fala por si só em suas diversas obras, e vai muito além das mesmas, até em sua posteridade. Nesta obra, Freire esclarece o público alvo, sendo estes docentes formados ou em formação, insistindo que formar um aluno é muito mais que treinar e depositar conhecimentos simplesmente, é mais do que ensinar técnicas de desenvolvimento. E que, para formação, necessitamos de ética e harmonia. Complementa que as mesmas precisam estar vivas e presentes na prática educativa, sendo esta a responsabilidade do professor. A prática educativa deve vir sem interesses, daí a importância do respeito às diferentes posturas profissionais dos professores e a necessidade constante de busca de conhecimentos e atualização. Freire fala da esperança e do otimismo necessários para mudanças dentro deste contexto e nunca se acomodar, pois no seu entendimento “as pessoas são seres condicionados, mas não seres determinados”.(pg 59)No primeiro capítulo, Paulo Freire ressalta a necessidade de uma reflexão crítica sobre a prática educativa; sem essa reflexão, a teoria pode ir virando apenas discurso; e a prática, ativismo e reprodução alienada. Existem diferentes tipos de educadores: críticos, progressistas e conservadores. Apesar destas diferenças, todos necessitam de saberes comuns tais como: saber dosar a relação teoria e prática; criar possibilidades para o aluno produzir ou construir conhecimentos; reconhecer que ao ensinar, se está aprendendo, sendo este posicionamento de grande importância. (pg. 25)Procura também mostrar que a teoria deve ser coerente com a prática do professor, que passa a ser um modelo e influenciador de seus educandos: não seria convincente falar para os alunos que o alcoolismo faz mal à saúde e tomar bebidas alcoólicas, deve-se ter “raiva” da bebida, pois a emoção é o que move as atitudes dos cidadãos. Várias vezes, o autor fala da “justa raiva” que tem um papel altamente formador na educação. Uma raiva que protesta contra injustiças, contra a deslealdade, contra a exploração e a violência. Podemos definir esta “justa raiva” como aquele desconforto que sentimos mediante os quadros descritos acima.A prática educativa em si deve ser um testemunho rigoroso de decência e de pureza, já que nela há uma característica fundamentalmente humana: o caráter formador. Para isso, o professor deve se utilizar, como diz Freire, da corporeificação das palavras, como exemplo, e ainda destaca a importância de propiciar condições aos educandos, em suas relações uns com os outros ou com o professor, de treinar a experiência de ser uma pessoa social, que pensa, se comunica, tem sonhos, que tem raiva e que ama.(pág 46) Isto despe o educador e permite que se rompa a neutralidade do mesmo e assim acredita que a educação é uma forma de intervenção no mundo, que não é neutra, nem indiferente, mas que pode implicar tanto a ideologia dominante como diferenciá-la.A construção de um saber junto ao educando depende da importância que o educador dá a parte social, à comunidade à qual ele trabalha para conseguir aproximar os contextos a realidade vivida, compondo assim um dialogo aberto com o aluno, deste modo e com tudo exposto Freire simplifica: “não há docência sem discência”.Neste próximo capítulo, Freire retoma em sua fala a necessidade dos educadores criarem as possibilidades para a produção ou construção do conhecimento pelos alunos. Insiste que “...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”, e que o conhecimento precisa ser vivido e testemunhado pelo agente pedagógico. Esse raciocínio existe por sermos seres humanos e, como tal, temos consciência que somos inacabados. (pág 52)Assim, é esta consciência, que deve motivar a pesquisar, conhecer e mudar. Dito em poucas palavras por Freire: “o que está condicionado, mas não determinado”. Passamos assim, a ser sujeito e não apenas objeto da nossa história, pois não devemos ver situações como fatalidades e sim estímulo para mudá-las. O educador não deve inibir ou dificultar a curiosidade dos alunos, muito pelo contrário, deve estimulá-la, pois dessa forma desenvolverá a sua própria curiosidade, sendo ela fundamental para evocarmos nossa imaginação, transformação, etc.No último capítulo, Freire mostra a necessidade de segurança, do conhecimento e da generosidade do educador para que tenha autoridade, competência e liberdade na condução de suas aulas. Defende a necessidade de se exercer a autoridade com a segurança fundada na competência profissional, junto à generosidade. Ensinar exige comprometimento, sendo necessários que se aproxime cada vez mais os discursos das ações. Sendo professor, é necessário conhecer o que ocorre no espaço escolar e estar ciente de que a sua presença nesse espaço não passa desapercebida pelos alunos.Para Freire, a Pedagogia da Autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão, da responsabilidade, ou seja, em experiência respeitosas da liberdade. Para isso, ao ensinar, o professor deve ter liberdade e autoridade, em que a liberdade deve ser vivida em coerência com a autoridade.O professor como ser político, emotivo, pensante não pode ser imparcial em suas atitudes, deve sempre mostrar o que pensa, apontando diferentes caminhos, evitando conclusões, para que o aluno procure o qual acredita, com suas explicações, se responsabilizando pelas conseqüências e construindo assim sua autonomia. Para que isso ocorra deve haver um balanço entre autoridade e liberdade.Deste modo, destaca-se que somente quem sabe escutar é que aprende a falar com os alunos. Finaliza dizendo que a atividade docente é uma atividade alegre por natureza, mas com uma formação científica séria e com a clareza política dos educadores. Foi somente a percepção de que homens e mulheres são seres “programados, mas para aprender” e conseqüentemente para ensinar, conhecer e intervir que faz o autor entender a prática educativa como um exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos, não somente transmitindo conhecimentos, mas redescobrindo, construindo e ressignificando estes conhecimentos, além de transcenderem e participarem de suas realidades históricas, pessoais, sociais e existenciais.Mesmo com todas as dificuldades para se educar, isto é, condições de trabalho,salários baixos, descasos, formas de avaliação, ainda há muitos professores exercendo sua função de maneira eficaz. Com certeza, isso se deve ao que o autor chama de vocação, que significa ter afetividade, gostar do que faz, ter competência para uma determinada função, com isso muita coisa pode ser mudada através da prática educativa.A análise da obra de Paulo Freire, apesar de ser um livro bastante repetitivo nas conceituações, mostra que ele é muito bom, pois quem escreve é um professor que coloca suas experiências para o estímulo dos docentes, defendendo a necessidade de transformação e aprofundamento na tarefa de melhorar a educação.O livro preconiza um fator que há muito defendemos e temos percebido como sendo de fundamental importância no processo de docência que é motivar e auto motivar-se, e a busca não apenas do conhecimento teórico e prático através de capacitação e formação, mas da relação docente-discente, sendo esta peça fundamental para a formação e educação crítica dos cidadãos.
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